sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Explosão

E em tudo de mim há um pouco de ti
Eu cresci para ver o que nos tornaríamos
se você ainda estivesse aqui...

E a saudade é maior do que o amor
o amor é maior que a saudade
a dor é mais sofrida que ambos...

E eu tenho medo de esquecer seu rosto
medo de doer para sempre
medo de me perder nas sombras da tua ausência...

E é Natal...
Você deveria estar aqui...

sábado, 9 de outubro de 2010

Canção de despedida: Primavera





"Vai ser difícil sem você
Porque você esta comigo
O tempo todo
E quando vejo o mar
Existe algo que diz
Que a vida continua
E se entregar é uma bobagem..."
(Renato Russo)


Em tarde sorridente o mundo emudece
silêncio para visita de um sempre lembrar
verbo no presente do indicativo para conjugar
E os pássaros cantam
encantando o aproximar-se da primavera
Dançam as flores
cheias de cores e amores
saudam sorridentes as primaveras que se seguirão
ao inverno de sua ausência
As lágrimas seguirão como companhia constante
em dias curtos
noites longas
unidas ao frio que vem de dentro da alma
E ainda assim a primavera voltará
vi teu corpo sem vida que desistiu de me fitar
era o inverno acreditando ser mais forte
chorei tanto que sequei
Mas a primavera dá sinais de retorno
E eis a imagem que guardarei
teu sorriso alegre quando nos encontrávamos,
o rosto iluminado em dias de festa,
o abraço único que me fazia ficar na ponta dos pés
o beijo na testa...
Eterno morar um no outro
mesmo que o caixão minta para mim
A primavera se aproxima
contam os pássaros
cantam as flores
E eu vou sorrir de novo,
por você,
para você - mesmo que já não possa ver,
com você...
eu vou sorrir de novo...
--

Inspirada por Rachel Alencar em meio a dor do luto.

domingo, 12 de setembro de 2010

A harpista

Dedilha como quem chora
lê  nas partituras o próprio mundo.
Treme. Teme. Arde.
A concentração angelical faz tremer os lábios
mas já não teme os erros, transforma-os em belas dissonâncias
Ardem os dedos exaustos pelo labor interminável
Dedilha como quem canta o mundo encantado
lê a vida como notas musicais
E chora...
Por dentro, por fora, por dedos
e com o ardor e o temor necessários
Transforma em melodia
as lágrimas de uma interminável melancolia
Chora a harpa como canta o poeta
com dor, com cor
E com um amor infindável pela beleza da poesia

domingo, 15 de agosto de 2010

Canção de amizade


"Há amigos mais chegados que irmãos."
Provérbios 18:24

Para minha irmã, Haydée

Erigi em ti uma morada.  Deixei-a fazer-se sem muros para que, crescendo juntas, a distância fosse sempre muito próxima. Por fim, de braços abertos convidei-te para que em meus olhares pudesse ver amizade. Quis acolher-te com meus olhos pois é lá que, sorrindo, o amor mora. Os cabaleantes e receosos abraços destruíram aos poucos as últimas fronteiras.  Cantam meus braços amistosos, oferecendo pousada para amigos cansados que esqueceram a melodia magnífica de uma amizade verdadeira.
Moro em ti. Sua presença me permite estar sempre em casa e falo de tudo que sendo teu, torna-se meu na construção do terceiro pronome, muito usado por amigas como nós. Moramos uma na outra, e em um caminho encantado cantamos o estar sempre juntas, apesar da distância que impede que os olhos se encontrem. Fiz de ti um tipo de refúgio, sei que sou amada. E o amor que a amizade representa pode ser o símbolo de tudo em um segundo, o escudo, a tristeza, a alegria e o vazio. E a saudade teimosa não conhece seu lugar, assombra com frequência minha morada, onde pendurei teus retratos, nossos rostos. Esse eterno sentir falta visita-me diariamente enquanto vejo teus olhos congelados na fotografia sorridente. Não é uma ausência, mas tua presença que constantemente me leva de volta ao que escolhi nomear 'saudade'.
Choramos juntas frente à distancia e para tanto inventamos sorrindo a estrada. E caminhando neste rumo encantado vamos, viemos e voltamos, mas pousamos na mesma morada. A estrada nos leva até a outra. Chama-se amizade.
E para os encontros, reinventamos e resignificamos os abraços.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Uma canção de saudade

Papeis coloridos
Vermelhos, azuis, exibidos
Para cartas, bilhetes, aviões, barquinhos
Para expressar amor.
Falar de saudade ou
explicar a demora
para dizer de todas as formas
que alguém mora em mim. 

Papeis de carta de vários formatos
Que ficam vazios,
Sem tinta, sem graça.
Guardei as palavras, poupei os papeis
Calei

Ei-los por fim, sem uso ou função
Deixei de lado por tempo demais
Guardei todo o amor do mundo no coração
Mas o silêncio se fez
E agora é tarde
Ficam os papeis, fica a amizade
Porém, foi-se o corpo
Findou-se o abraço
E eu lamento tanto por ver ao meu lado
todos estes papeis de carta

domingo, 9 de maio de 2010

Tristeza

Incomoda, machuca, rasga
incomoda pois é profunda
é coisa de vivo
mas, por causa de morto
machuca com gosto e vontade
rasga a alma
é morto vivo na mente
é dor doida de saudade
Tristeza

domingo, 18 de abril de 2010

Encontrei-te
perdi-me
fiz de mim outra
fiz de ti outro
algo mais alegre
mais vivo
mas meu
algo eu
seu
Despedi-me de mim
adeus.