domingo, 12 de setembro de 2010

A harpista

Dedilha como quem chora
lê  nas partituras o próprio mundo.
Treme. Teme. Arde.
A concentração angelical faz tremer os lábios
mas já não teme os erros, transforma-os em belas dissonâncias
Ardem os dedos exaustos pelo labor interminável
Dedilha como quem canta o mundo encantado
lê a vida como notas musicais
E chora...
Por dentro, por fora, por dedos
e com o ardor e o temor necessários
Transforma em melodia
as lágrimas de uma interminável melancolia
Chora a harpa como canta o poeta
com dor, com cor
E com um amor infindável pela beleza da poesia