domingo, 14 de dezembro de 2008

Sombra minha


“Eu quero te roubar para mim,
eu que não sei pedir nada”


Não escrevo mais. Emudeci. O mundo parou.
Perdi-me nas palavras. Perdi a rima. Perdi a métrica. Perdi você.
Nos olhamos uma última vez sorrindo em uma chuva louca, com o vento desarrumando meu cabelo e sonhos. Nos tocamos sem nos sentir, no eterno ir e vir da vida, você vai e a saudade vem.
Não quero a rima. Não quero os versos. Não quero as palavras. Não preciso de nada. Só de você.
Às vezes te encontro nessa rua eternamente triste da minha vida e é quando descubro que não sei pedir nada, é quando percebo que tudo que eu queria era poder te querer.
Se você for embora, assim tão simplesmente quando você veio, o que eu poderia dizer?
Não quero as palavras a menos que elas te façam ficar.
No entanto, eu não sei pedir nada e por isso, sorrio, ainda que minha mente grite.
Os esbarros das nossas solidões continuam, continuarão e serão quase eternos e sei que haverá um tempo no qual ambos nos olharemos com riso no olhar e seremos felizes. Absurdamente felizes.
Por hora, não quero outro tipo de felicidade a não ser aquela que só você me oferece.
Por agora só quero você.
Isso, porém, é o agora, amanhã estaremos mudados.
E nessa digressão sem fim, nesse caminho meio perdido, eu te encontro em mim e me encontro em ti e assim será até que o não se torne um sim.
Perdi a rima e não a quero. Perdi os versos mas não os preciso. A única coisa de que essa existência miserável fazia questão era tua presença, mas como palavras ao vento ela se desfez e hoje nada mais é do que uma sombra do meu vento.
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Em homenagem ao amor não confesso de uma amiga...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Uma carta antiga


“In un mondo che
Non ci vuole più
Il mio canto libero sei tu”

Eu vou deixar você me surpreender. Vou abaixar minhas defesas, vou abrir mão da segurança da solidão.
E enquanto você tenta roubar meu coração, prometo desistir de estar sempre certa.
Diminuirei meu passo, vou parar de correr e estou te dando vantagem pra que tente me alcançar. Se você conseguir, fecharei os olhos, abrirei os braços e pularei esperando que você esteja do outro lado para me segurar.
Eu quero viver esse momento, mesmo que tudo que exista para nós sejam os relances passageiros de felicidade quando te vejo sorrir. Mesmo que tudo que tenhamos seja o rubor do encontro de olhos, o esbarro acidental. Ainda que tudo seja um eterno falar desmedido e um calar incompreendido. Mesmo que eternamente o olhar-se e olhar-nos seja apenas mais um impulso.
Eventualmente você perceberá que meus olhos se perdem procurando o seu sorrir-me.
Verá por fim que mesmo que meu coração ainda seja meu, os pensamentos agora são teus, pois só há a tua imagem dentro de mim.
Quem sabe venha a entender que eu faço de tola apenas pra ver você sorrir, porque é este sorriso mudo que me fascina e é por causa dele que eu estou abrindo mão dos meus medos. Mesmo que tudo que podemos ser esteja bem aqui, enquanto eu te olho e você me olha. Mesmo que o máximo que possa vir a ser entre nós sejam os rostos vermelhos quando não sabemos mais o que dizer.
Eu vou deixar você tentar roubar meu coração. Você vai rir quando descobrir que ele já te pertencia. Por causa desse riso que não te conto, quero ver-te rir-me, é esse riso que tanto amo em ti.
Eventualmente você perceberá que meus olhos voam procurando algo que só há em ti, esse algo é meu segredo, não poderia te contar, pois se o fizer destruirei o mistério do encantamento. Quero cantar teus feitos que tão grandes são em mim. quero contar os contos das palavras não ditas. Breve você verá que os olhos que te fitam são os mesmos que sorriem quando encontram os teus e eles te riem mesmo em meio à vermelhidão da minha face.
E esse é meu segredo, ninguém além de mim saberá, pois se tudo for apenas um sonho, não quero acordar.
Eu vou deixar você me roubar para si porque eu não sei como te roubar para mim.
Eu quero viver-me e viver-te. Quero saber onde o viver-nos vai me levar.
Eu estou desistindo das minhas certezas, e isso não é lógico, nem sensato, mas em nosso nós não cabe mais lógica ou sensatez. No nosso “nós” só cabe um “eu” e um “você”, e talvez seja por isso que tenho aprendido a amar tanto o “nós”.
Eu vou deixar você roubar meu coração e não há razões para isso, e nem quero que tenha. Não vou limitar no viver-nos a uma lista de motivos, não quero pensar. Eu vou deixar você confundir minha cabeça como sempre faz.
E vou deixar que eventualmente tudo que é confuso vire certo e nesse eterno virar-se e desvirar-nos tudo que eu quero é que você me surpreenda, que tente roubar meu coração.


Para aquele que eu chamo de Il mio Canto Libero...

"You are the best one
Of the best ones
We All Look Like We Feel
You have stolen my heart"

Stolen - Dashboard Confessional

sábado, 6 de dezembro de 2008

Canção do Retorno


Para Suzana...
(Eu fiz um quando você foi, agora um para a volta né?
aliás, chega de distancia tá?)
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*"Se vens às quatro da tarde, desde às três eu sou feliz." *

O retorno esperado fez rir a minha face
Coração salta de alegria
Arteiro, menino, travesso
Espera em suspenso o momento do encontro
Eis então a alegria minha, dentro da alegre vida
O retorno esperado fez amar-te a minha alma
Porque é a amiga, a minha, a alegria
Ela me olha sapeca
E pula, e ri, e fala
Abraço
Eterno
Porque o corpo se separa
Mas a alma anda junta para sempre
Porque sou dela, amiga
E ela é minha, irmã
Amar é pertencer
Por isso ela está em mim
E o retorno esperado é festejado
Porque a amo, e a espero
Pois é a amiga
A irmã
A alegria
Que me faz rir feliz
E correr ao encontro
Para que o abraço nosso seja eterno
O retorno esperado Fez-me correr
Para ver-te, ouvir-te, sorrir-te
Porque te amo
Para sempre.

"And friends are friends forever
If the lord's the lord of them
And a friend will not say "never"Cause the welcome will not end
Though it's hard to let you goIn the father's hands we know
That a lifetime's not too long to live as friends."